Desmedidas inseguranças p'las quais escrevo
Até ao fim do parágrafo o verso continua
E somente fiel a mim mesmo sempre devo
Numa penumbra onde vejo a mente nua
As saias de certos assuntos
São momentos já singulares
E por mais que ainda tenha saudade de nós juntos
Sempre tivemos vidas muito ímpares
Portanto não deixo de jogar na firmeza
Da certeza que tenho de que o meu caminho não é esse
E mesmo tu chorando não fico na incerteza
Apenas um sofrimento profundo sem achar que talvez desse
Portanto redimo-me a esta poltrona onde escrevo
Todos os dias pela manhã sozinho e triste
Porque a mais ninguém sei que devo
A dedicação e compaixão que em mim sempre viste
Pois amar-te foi como viver sem gravidade
Sem conseguir controlo dos movimentos no ar
Ainda que me deixes dor e muita saudade
És demasiado p'ra mim e contigo não posso ficar
Dornelas, Cadeirão
António Botelho