Poemas : 

DOIS MUNDOS (SONETO)

 
 
A luz de vela e lampião, e cartas à mão,
Nasci num tempo lento, em ritmo compassado.
Hoje, os dados vêm e vão, em fluxo acelerado,
E o futuro veloz, emerge sempre em turbilhão.

Vi erguerem-se postes, faíscas tão raras,
Na fronteira entre o ontem e o dia por nascer.
Hoje a vida pulsa em telas, sem tempo a perder,
E os gadgets brilham tanto quanto joias caras.

Ao morrer, minha alma à nuvem será suspensa,
Memória a se converter em binário imortal,
Num ciclo eterno, ou vazio, em máxima recompensa.

No céu digital há um administrador querubim?
Conexão banda larga com destino triunfal?
E o inferno: erro quatro zero quatro, sem fim?


Souza Cruz

 
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souzacruz
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Enviado por Tópico
AlexandreCosta
Publicado: 22/10/2024 16:01  Atualizado: 22/10/2024 16:01
Da casa!
Usuário desde: 06/05/2024
Localidade: Braga
Mensagens: 279
 Re: DOIS MUNDOS (SONETO)
A analogia cibernética caiu quem nem uma luva!
Gostei muito!
abraço


Enviado por Tópico
ZeSilveiraDoBrasil
Publicado: 24/10/2024 13:47  Atualizado: 24/10/2024 14:07
Administrador
Usuário desde: 22/11/2018
Localidade: RIO - Brasil
Mensagens: 2169
 Re: DOIS MUNDOS (SONETO)
.
.
.
...soneto extremamente contemporâneo.
Aliás, ao meu entendimento, sonetar é uma arte ímpar.

.. o terceto final é surpreendente:
Erro - 404 (o grande acerto)

"E no céu digital, necessário será, enfim,
Conexão banda larga, destino triunfal.
E o inferno: erro quatro zero quatro, sem fim."


Cumprimento-o!

Um abraço caRIOca!