Este breve compilado de reflexões acerca da escrita criativa e da criação literária surge a partir de insights adquiridos durante meus estudos. Nele, apresento pequenas sínteses de diversas leituras e aulas, além de pensamentos que, pouco a pouco, têm moldado minha visão estética.
Cada um desses fragmentos reflete uma parte do meu processo de descoberta e a evolução da minha compreensão sobre a linguagem poética, que considero uma ferramenta essencial para expressar as complexidades do ser e do mundo. Espero que possam ser úteis a alguém:
1) A poesia deve conceber novos sentidos às palavras, libertando-as do peso dicionarizado. É preciso imprimir nelas um ritmo pulsante, capaz de recriar o fôlego da linguagem, ou combiná-las em imagens que revelem realidades inéditas. O eu-lírico não pode se contentar com a reciclagem de fórmulas gastas; seu papel é gerar linguagem viva, que rompa com os padrões estabelecidos e convide à transformação contínua do olhar.
2) Manuel Bandeira, Borges e Cecília Meireles são meus três poetas prediletos. Sempre que leio seus versos, suspiro estupefato e penso: 'queria eu ter escrito isso'. É esse sentimento que busco ao refletir sobre o exercício da imitação dos grandes escritores. Não se trata de uma imitação servil ou de criar um pastiche, mas de compreender os elementos técnicos que cada um utiliza e, a partir disso, descobrir quais ressoam com a minha própria personalidade.
3) A literatura é um caminho árduo, sustentado por dois polos essenciais para sua execução: a busca por aperfeiçoamento pessoal e autoconhecimento, que permite aprender a enxergar a riqueza da realidade em sua máxima complexidade, e o domínio técnico, que envolve a capacidade de expressar, de maneira eficaz, aquilo que é essencialmente humano, colhido pelos sentidos apurados.
4) A técnica não limita a criatividade; ao contrário, confere-lhe direção e consistência.