Eu e o Gafanhoto - Por Chris Katz

Minha querida,

Obrigada por me ler. Por vezes rejeitamos a nossa própria companhia por conta dos outros e das nossas carências. Deixamos de vivenciar tempo e vida. Achamos que a solidão, ou solitude são desesperadores, mas não é bem assim, quando assumimos o controle dos nossos "quereres"

Sigamos.

Um beijo Afetuoso

Chris Katz

Querido, António


O meu alimento é neste caso a minha companhia tanto abandonada, deixada de lado. Tempos perdidos em meio aos meus medos... Mato o gafanhoto que no caminho vive a me espreitar, querendo me comer, se alimentar de mim, dos meus passos. Nota que ele em mim descansa, e eu ando e ando, chego a louvar sua existência junto a mim. Mas eu percebo que sou o "meio de para ele". Ele neste nosso caminhar, me diminui, me rebaixa, e por vezes me abandona quando voa, e voando vai sozinho ele não me leva com ele. Então ele volta e continuamos nesta fome de um pelo outro. Agora o gafanhoto está morto, posso e devo seguir sozinha, vou comer da minha carne aos ossos para me reerguer, para cumprir este caminho que antes julgava incapaz de fazê-lo sozinha. Por isso o mato, para provar a mim mesma que sou capaz, que posso ir adiante...

Caso eu caia no caminho, caso eu não consiga por algum motivo, já me valeu a atitude de ir em frente, mesmo sozinha mas em minha companhia,


muitos beijos

Katz

Meu Poeta, Zé


Sim, sim. Tem sorte neste bicho, mas somos só nós dois neste caminho, não há uma via de mão dupla da parte dele para comigo. Eu sigo até entender que ele me usa, já dito na resposta antes da sua, lá em cima.

É uma quase metáfora da companhia, onde um está presente e o outro usa e abusa, dos sentimentos, da companhia, de tudo! Nisto o outro mingua, definha esquecendo-se de si mesmo. Ao acordar "mata a praga" para que possa novamente se reconhecer como pessoa.

Ergue-se diante do gafanhoto morto, Eu! Uma nova plantação, de corpo inteiro, em todos os sentidos. Sigo.


Mil beijos e obrigada

Katz

Alexandre.

Este nome sempre me revira, sempre me remete para além de mim. Quando eu era pequena, quando por algum motivo eu iria brincar eu dizia, Alexandre é meu a amor!

Alexandre o Grande!

Sempre fui fascinada por ele.

A agonia de somente fazer pare do caminho sempre me apavorou. Não gosto de comer sozinha, então ser o meio de, me deixa sem senso de direção.... sabe?

Quero ser comida, numa mesa posta, sem talheres, mas com muita imaginação.... Ação....

o Gafanhoto é minha falta, Alexandre.

Obrigada pelo colo... e por me acarinhar lendo-me... á mesa....

um beijo repleto de todos os meus Eus,

Katz,

Bem... :) às vezes somos inspirados:

https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=375199

Um abraço meu e dos outros eus :)