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A Liberdade e o Discernimento: Mantendo a Hospitalidade em Tempos de Agressividade

 

Mergulhados numa sociedade competitiva e agressiva, somos constantemente desafiados a confrontar os instintos que carregamos no nosso ser.

Esses mecanismos milenares, reformados pelas imposições das leis políticas e religiosas, muitas vezes despertam uma falsa noção de liberdade, uma liberdade que ignora a responsabilidade que a acompanha.

Nesse cenário, o ego desgovernado transforma-se num inimigo silencioso, distorcendo a nossa autoestima convertendo-nos em "feras" domesticadas, prontas para reagir impulsivamente.

A liberdade, quando desvinculada da responsabilidade, torna-se uma faca de dois gumes. Por um lado, ela oferece-nos a ilusão de autonomia, mas, por outro lado, cega-nos para as consequências das nossas ações.

Essa ausência de limites, num ambiente já marcado pela pressão social, alimenta comportamentos intempestivos que nos afastam da nossa verdadeira essência.

Em tempos como os que vivemos, é sempre ocasião para o discernimento.

O discernimento é a bússola que nos guia através da névoa da confusão e da pressão.

Ele permite-nos considerar que a liberdade não se resume a fazer o que se quer, mas sim a agir com intenção e consciência.

Somente através desse discernimento podemos conduzir a nossa vida numa ordem que se fundamenta na razão sensível do "sim-sim, não-não".
Esse princípio claro resgata-nos do labirinto das indecisões e das contradições, mantendo-nos alinhados com os nossos valores e propósitos.

A verdadeira liberdade é aquela que respeita o espaço do outro, que acolhe uma diversidade de experiências e que, acima de tudo, valoriza a hospitalidade.
Quando perdemos o sentido da hospitalidade, perdemos também a capacidade de nos conectarmos genuinamente com o mundo ao nosso redor.

A hospitalidade não é apenas uma questão de acolhimento físico, mas de abrir o coração para a compreensão e a empatia.
É importante que, apesar das diferenças, todos façamos parte de uma mesma teia humana.

Assim, ao cultivarmos o discernimento, somos chamados a redescobrir a hospitalidade nas nossas vidas.
Ela torna-se numa prática diária, num exercício de estarmos presentes e de agirmos com compaixão.
Essa hospitalidade, ancorada na liberdade responsável, permite-nos criar relações mais significativas e apreciadas, onde a violência e a competitividade não têm espaço para prosperar.

Num mundo que muitas vezes nos empurra para a desumanização, o discernimento e a hospitalidade são as âncoras que nos mantêm firmes. Eles nos lembram de que, mesmo no caos, é possível escolhermos ser amáveis, acolhedores e humanos.

E assim, voltamos ao nosso propósito, navegando pelas águas turbulentas da vida com a serenidade de quem sabe que a verdadeira liberdade é um caminho que respeita a si mesmo e ao outro.

Alice Vaz de Barros


Alice Vaz De Barros

 
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