Eu, sombra de mim mesmo,
procurando na escuridão.
Sou eco mudo, na alma,
perdido e sem direção.
Um raio de sol na chuva,
na tarde quente a brilhar,
instante que cega os olhos,
e o vento fresco, a soprar.
Fogo na tempestade
no fim de tarde a arder
Presságio no vento forte,
fazendo o céu estremecer.
Sou névoa do amanhecer,
abraçando a luz do farol.
Véu que oculta o horizonte
bem antes que surja o sol.
Em dia ameno, leve, breve
sou o sabor da saudade,
Riso que dura um sopro,
e toque de eternidade.
Aquele grito ecoa mudo
na dor daquele que luta,
A ferida oculta, profunda
sou a vontade resoluta.
O vento que rasga o mar,
fazendo a onda dançar,
O sopro da vida incerta
Empurra sem ter lugar.
Poderia seguir dizendo,
o que sou, o que me coube,
mas o cansaço me toma
antes que a insônia roube.
Então não digo "me vou",
pois sou aquilo que fica,
O corpo descansa, e cede,
e a vida segue, mais rica.
Souza Cruz