Poemas : 

indolência

 



Um azar do melhor que apraz
gozar em desespero em progresso
num processo demorado e lento,

vagaroso prazenteiro que
tudo deve ao gasto e ao gosto
do prazer desenfreado e suburbano,

subterfúgio de sementes dementes
que de daninhas se fazem vida
numa viagem subterrânea,

desmedida na altura e na dor
de uma imensidão de escuridão oculta

Visível apenas às aranhas negras
que habitam a nossa alma castanha






I got that feeling
That bad feeling that you don't know
(Massive Attack)

 
Autor
Beatrix
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Enviado por Tópico
gillesdeferre
Publicado: 09/10/2024 17:59  Atualizado: 09/10/2024 17:59
Da casa!
Usuário desde: 14/06/2024
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Mensagens: 209
 Re: indolência
Olá Beatrix

Como se algo crescessse num dentro indefinível. Algumas palavras parecem pontos de referência de um mapa: indolência, desespero, progresso, lento, num primeiro momento. Digamos que constitui a primeira parte de um caminho ao centro do enigma.
Num segundo momento: sementes, dementes, daninhas, vida, subterrâneo.
No interior da vida, minúscula, minuciosa, húmida como fungos, incisiva, "visível apenas às aranhas negras/que habitam a nossa alma castanha"

Um poema que abala...lentamente. Como uma dor que cresce sob o prazer desenfreado e cego.

Espetáculo!!


Enviado por Tópico
Paulo-Galvão
Publicado: 09/10/2024 18:03  Atualizado: 09/10/2024 18:03
Usuário desde: 12/12/2011
Localidade: Lagos
Mensagens: 1264
 Re: indolência
Olá Beatrix,

Concordo, um azar muitas vezes é empolado.
Não foi nada azarado este poema!

Abraço

Paulo