As feiticeiras juntavam-se à noite
e riam de escarninho
na velha ponte romana.
Óbvio que não dançavam, nem fogo, pouco se importavam com a posição da lua no céu
nada disso
gargalhadas obscenas sim, algumas
e por vezes silêncio
como nada tivesse acontecido
silêncio
um silêncio absolutamente normal
aquele silêncio entendido como normal
eu só me recordo de recitarem como poemas uma lista de compras
se querem perninhas de rã, olhos de sapo, visco de lesma,
não encontram aqui
era mais:
arroz batatas massa carnes algum peixe frutas e legumes
algum vinho e o nome de uma bebida que não me lembro
mas que fazia mal ao fígado segundo a que parecia mandar nas outras
a única certeza
quando se iam embora para suas casas
que não eram cabanas no meio da floresta
deixem-se disso
é que ficava exaltado e com uma vontade que ainda não conseguia decifrar
foi há quanto tempo...tantos anos.
Ainda me surgem nos sonhos,
quase alegres
generosas
logo se vão como visitassem os doentes.