Poemas : 

Bruxedo

 
As feiticeiras juntavam-se à noite
e riam de escarninho
na velha ponte romana.

Óbvio que não dançavam, nem fogo, pouco se importavam com a posição da lua no céu
nada disso

gargalhadas obscenas sim, algumas

e por vezes silêncio

como nada tivesse acontecido

silêncio
um silêncio absolutamente normal
aquele silêncio entendido como normal

eu só me recordo de recitarem como poemas uma lista de compras

se querem perninhas de rã, olhos de sapo, visco de lesma,
não encontram aqui

era mais:
arroz batatas massa carnes algum peixe frutas e legumes

algum vinho e o nome de uma bebida que não me lembro
mas que fazia mal ao fígado segundo a que parecia mandar nas outras

a única certeza
quando se iam embora para suas casas
que não eram cabanas no meio da floresta
deixem-se disso

é que ficava exaltado e com uma vontade que ainda não conseguia decifrar

foi há quanto tempo...tantos anos.

Ainda me surgem nos sonhos,
quase alegres
generosas
logo se vão como visitassem os doentes.



 
Autor
gillesdeferre
 
Texto
Data
Leituras
43
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
13 pontos
1
2
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
MariaMorena
Publicado: 03/10/2024 22:58  Atualizado: 03/10/2024 22:58
Da casa!
Usuário desde: 07/06/2024
Localidade: Argumentar sem agredir é ser grande.
Mensagens: 346
 Re: Bruxedo p/gillesdeferre
.

Foi muito bom ler, é poemas como esse que como leitora é um presente, eu sorria de forma leve e macia.