Poemas : 

CRÔNICA POLICIAL

 
quarenta minutos antes do casamento

a noiva colocou ponto final à vida

trancada no banheiro do apartamento

pôs seu vestido branco e também grinalda e véu

misturou chá de cidreira com formicida

enquanto escutava o Bolero de Ravel


sem sequer um bilhete a explicar seu gesto

a xícara vazia a lata com veneno

em cujo conteúdo só ficara um resto

foi achada morta sobre o frio azulejo

: não havia palidez no rosto moreno

a boca mais vermelha inda implorava um beijo


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júlio


Júlio Saraiva

 
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Julio Saraiva
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 15/05/2008 16:24  Atualizado: 15/05/2008 16:24
 Re: CÔNICA POLICIAL
Julio.
Poema curto, porque não são precisas muitas palavras para descrever a morte.
A imensidão de sentido e coerência está no último verso, no último sopro.
Envenenei-me neste chã de cidreira/veneno, curvado e em mórbido encantamento.
Parabéns Julio.