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Olhar Cego nº 38

 
[Este texto não pertence à Administração. Trata-se de uma colaboração de um Luso-Poeta, que participou de forma anónima no jogo "Olhar Cego". No final, revelaremos a sua identidade. Convidamos os utilizadores a pontuar e a comentar o texto à vontade, como fazem com qualquer outro.]

SONETO PESSOA(L)

Enquanto chamais Deus p'las boas graças
Eu chamo-me a mim e, só, me valho
Que nada cai, senão do meu trabalho
E ninguém mais me livra das carraças

Enquanto erguem ao alto mãos palhaças
Eu baixo a cabeça p'lo orvalho
Desconto mais um dia, mais grisalho
E a obra não é choro nas vidraças

Este sal é o suor ante a estrutura
Erigida de um nada e já segura
Qual escada que aponta rumo ao céu

Já me vejo, em cima, nesta altura
A olhar, fixamente, a sepultura...
Eu quis, sonhei, sou a obra que nasceu!

 
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Luso-Poemas
 
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Enviado por Tópico
MariaMorena
Publicado: 02/10/2024 18:18  Atualizado: 02/10/2024 18:18
Colaborador
Usuário desde: 07/06/2024
Localidade: Argumentar sem agredir é ser grande.
Mensagens: 624
 Re: Olhar Cego nº 38
…SONETO PESSOA(L)...( O silêncio é o meu respeito e reconheço o seu direito)

Enviado por Tópico
Benjamin Pó
Publicado: 02/10/2024 20:18  Atualizado: 02/10/2024 20:18
Administrador
Usuário desde: 02/10/2021
Localidade:
Mensagens: 588
 Re: Olhar Cego nº 38
.
Um poema que é uma homenagem a quem se assume como o dínamo do seu destino, rejeitando uma suposta segurança que a crença lhe poderia trazer.
Termina com a adaptação do verso de Pessoa, realçando que é o Homem o verdadeiro protagonista da vontade, do sonho e da ação sobre o seu mundo.

Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 03/10/2024 16:50  Atualizado: 03/10/2024 16:50
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3407
 Re: Olhar Cego nº 38
É apenas pessoal, garantidamente. Tem piada pela questão das carraças de mãos palhaças, mas perde-se mercê de algumas rimas forçadas.

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


O sal... julgo que Pessoa não ficaria tão agradado quanto Bocage.