Poemas : 

Olhar Cego nº 32

 
[Este texto não pertence à Administração. Trata-se de uma colaboração de um Luso-Poeta, que participou de forma anónima no jogo "Olhar Cego". No final, revelaremos a sua identidade. Convidamos os utilizadores a pontuar e a comentar o texto à vontade, como fazem com qualquer outro.]

O sal não magoará tanto como a saudade

Na pele do papel,
A dor escorre,
A tinta da lembrança
De uma vida que se apagou
Para aquela menina de cabelo curto,
Que preenchia os dias
Com latidos e travessuras.

Filha de estimação,
Guardava a família
De tudo o que surgia,
Até dos insetos rastejantes,
Sem falar dos lençóis que dançavam
Ao sabor das correntes.

Era a nossa imperatriz das lambidelas;
Corria com o chão nas mãos
Em direção aos nossos braços,
Como fazem os soldados
Nos regressos.

Agora,
Aqui,
Nesta tela,
O reflexo das águas
Embaça as letras,
E as memórias
Dilatam as veias.

Aqui,
Perto do peito,
A maré da saudade
Permanecerá cheia.

Não haverá magreza nas vagas;

E na arrebentação do coração,
Soará o ladrar
Do seu amor,
Como um eco do nosso…

 
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Luso-Poemas
 
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Enviado por Tópico
MariaMorena
Publicado: 29/09/2024 19:28  Atualizado: 29/09/2024 19:28
Da casa!
Usuário desde: 07/06/2024
Localidade:
Mensagens: 314
 Re: Olhar Cego nº 32
.


…O sal não magoará tanto como a saudade…( eu concordo que o sal é passageiro que a saudade e neste caso exige respeito ao apego)

…Era a nossa imperatriz das lambidelas;...( Eu imagino que a saudade é de um filhote)

…Agora,
Aqui,
Nesta tela,
O reflexo das águas…( é tão bem escrito, usou muito bem a comunicação que sinto não poder dá um conforto e olha que nem sou fã)

…Como um eco do nosso……( imagino um lugar que tenha um eco,)

Gostei e desculpas se houver um mal entendido)

Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 29/09/2024 20:55  Atualizado: 29/09/2024 20:55
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3305
 Re: Olhar Cego nº 32
Também merecem poesia, esses que nos fazem sorrir e nos protegem os sonhos. Uma vénia aos esquecidos.