Cada segundo que se passou – ainda que por mim não percebido,
De uma certa forma registrou-se por dentro,
E os passos dados em retorno,
Apenas desenharam a minha frustração e arrependimento.
Não prometeste vir em nenhum momento,
Sequer deste um aceno para iludir os meus sentidos – ou me enganar,
Mas no fundo sempre soube que jamais retornarias,
E não te culpo por isso – tampouco a mim mesma.
Dentro de casa as chamas das lamparinas estavam diminutas,
Iluminando somente o caminho para o quarto,
Única opção neste momento, para que o esquecimento pudesse ser sufocado,
Mesmo que eu soubesse que o dia raiaria, sem que o sono me dominasse.
Fechei a porta, tirei meu casaco e joguei-me na cadeira ao lado,
(Ela estava pronta para receber o peso que me caía pelos ombros),
E por mais uma vez percebi que nada do que eu fizesse,
Mudaria o inexorável destino, que há tempos sinalizava o que eu sabia.
O dia raiou belo e esplendoroso
O sol iluminava o meu aposento.
Peguei o mesmo casaco,
E coloquei no bolso mais uma esperança,
De que eu sobreviveria a mais um dia,
Como tinha sido todos os outros.
Saí, sem pressa.
Sem afobação.
Sem o café.
Sem o pão.
Tendo apenas a única certeza de que nunca mais retornaria,
Para dentro de mim.