antemão
sabia-te,
sentia-te,
mas escondia a desilusão
de saber o futuro da gente.
ainda hoje,
o salitre da alma
emana a brisa calma
de te amar,
independente
da ácida ilusão
de nunca te chegar,
de nunca estar à altura
de te abraçar.
sabes,
amo-te,
duas palavras
que doem muito,
muito mais quando
seguem niveladas à realidade
de estar
solidamente
só.
o que me salva
é saber que estás bem.
contudo, existe dentro
do corpo
um animal sedento e carente
de carícias e arrepios,
que busca a dérmica
do teu abotoado ventre.
e já agora,
como será o toque entre uma estrela-mar e uma ave, com as tuas asas, destapadas ?
“Acredito que o céu pode ser realidade, mas levarei flores para o pai - Erotides ”