Não há o que esperar daqui. Sou o resto de um amor, de um agora nada. Sem te perdoar, sigo convexo, na infinita infâmia de saber que nada sou, neste momento, sem qualquer auto-estima que perante mim só se debruça em nada. Uma esperança, talvez, mas só porque somente sei que o tempo nos alisa o sofrimento. Não resolve, mas alisa.
A realidade espera por mim com um poço sem fundo no bolso, áspera para me deixar abater sobre ela. Sei assim que o lustro das incomensuráveis coisas é portadora de uma infâmia, de um problema, de uma preocupação e de um sentido de pouca esperança. Assim nos resolvemos entre pequenas estreias diárias às quais nos deixamos levar e debater com a depressão de algo.
E vagueando pelas ruas digitais, entro em todas as casas, independentemente de ser amigo conhecido ou não. Assim me sinto livre e invasivo, às vezes, mas tudo não passa de uma micro ilusão.
António Botelho
09 de dezembro de 2014
Há muito que meus tons melódicos poéticos não se gesticulam em escrita ou sapiência mental, pois eis que o amor chegou e a poesia abafou...