Poemas : 

O burro estava a ficar velho

 
 


Quando penso na morte,
Volto àquele Alentejo
De searas fartas
E olivais carregados
Que me viram crescer.
A tremer de frio e calor,

Aquele Alentejo
Que me viu descer o rio
Em busca
Dos gordos escudos
Nos forais algarvios.

Vejo os sonhos gigantes
Nos olhos daquela criança,
Lacrados de ambição,
Inocentemente repletos
De irrealidades,
Cheios de ilusão.

Começo a fazer contas
Com o coração
E percebo que existe um sonho
Tão inatingível,
Nunca alcançado.

Gostaria
De ter oferecido um trator
Ao meu avô.

Talvez no céu
Exista aquele
Trator Ferguson
Que vi numa revista.






“Acredito que o céu pode ser realidade, mas levarei flores para o pai - Erotides ”

 
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agniceu
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