Poemas : 

O pulso da vida

 









Profuso, o sol sobre o manto.
Dedilha a luz como cordas de harpa.
Lançando raios fulvos. No ouro matinal,
nascem pássaros falantes.
A esvoaçar a paisagem.

Abro um dos meus olhos.
O aberto, ainda escurecido pela noite.
O fechado, açambarca a inocência.
Pelo gemido à volta da boca.
Balbucia a viagem que se abate no ar.

Vivo num corpo incestuoso.
Num frémito com peito impuro.
Relembra-me que há uma raiz.
Como um bolbo de lírio-do-rio.
Ambos vivem em leito aquoso.

Envelheço em solidão com as aves.
No refúgio de mim e da minha sombra.
Com a madureza batida pelo vento.
Sinto o corpo a decidir pelo corpo.
Sinto-o a perecer por mim dentro.

O meu pulso está como seixo de rio.
Fundo. Quando o procuro com pressão.
Perdido na lama dos dedos que o tocam.
Sinto nós de um abismal arvoredo.
Somente terra e pó ficam com expressão.










Zita Viegas















 
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atizviegas68
 
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Enviado por Tópico
MariaMorena
Publicado: 24/09/2024 21:19  Atualizado: 24/09/2024 21:19
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Usuário desde: 07/06/2024
Localidade: Argumentar sem agredir é ser grande.
Mensagens: 624
 Re: O pulso da vida p/atizviegas68
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Lindo poema, trouxe-me uma chama e que foi acesa, causando um nó ou que grita.