Poemas : 

Aurora

 
há vultos no passadiço
e o mar tão perto

debruçados na amurada
esmagam beatas entre os dentes

aguardam mansos
o barco que os há de levar

algumas mulheres soluçam
rezam à senhora das águas revoltas

as crianças dormem o sonho dos bons regressos

uma dor sem dono espera a sua vez

enquanto a claridade escondida se anuncia
na voz de uma desconhecida
que bate à porta





 
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gillesdeferre
 
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Enviado por Tópico
Beatrix
Publicado: 25/09/2024 22:01  Atualizado: 25/09/2024 22:01
Da casa!
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 Re: Aurora / gillesdeferre
-
Olá, Gilles.

A primeira vez que li o teu poema pensei nos pescadores. Não sei. Hábitos de leitora de Raul Brandão. Mas à segunda leitura, a sugestão foi a migração de desgraçados que não sabem para onde vão, se chegam lá, ou se têm de voltar depois de terem gastado todo o seu dinheiro. Quantos não morrem no caminho ou à chegada. A desconhecida bateu-lhes à porta.

Parabéns pelo texto.

Ab
Beatrix