Enviado por | Tópico |
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Alemtagus | Publicado: 22/09/2024 16:45 Atualizado: 22/09/2024 16:45 |
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Re: Olhar Cego nº 17
Parece Rap se for lido todo de seguida, numa leitura mais lenta e pausada perde sentido e cor. O facto de ter versos demasiados longos, leva o leitor a repeti-los para ver se nada escapou e depois... depois é provavelmente uma questão minha. Na minha opinião é um erro gramatical grave aplicar assim o pronome átono:
que leva-me/não adoece-me É estranho e torna-se desequilibrado quando, em contraponto, vamos lendo, correctamente: para me absorver/nunca se eleva/que me toma |
Enviado por | Tópico |
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MariaMorena | Publicado: 22/09/2024 21:33 Atualizado: 22/09/2024 21:33 |
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Re: Olhar Cego nº 17
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…espectro…( pode haver um engano ao ler a palavra sozinha e nesse caso machuca, mas se não percebe no início do poema pode ser corrigido no fim) …a algazarra da multidão pede interação e por um tempo, invisto…( o poema todo estava em letra minúscula e também entra ou está nesta multidão) …para um lugar que o mundo ignora…( esse lugar que é ignorado pelo mundo e que sempre foi importante) …lá fico, sendo eu sem ser centro de estudo….( longe dos olhos que caça) …espectro autista que nunca se eleva, não adoece-me, somente me leva, ... e fico bem….( aqui eu não sei quem é quem e penso que é a intenção do autor ) |
Enviado por | Tópico |
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Benjamin Pó | Publicado: 23/09/2024 21:37 Atualizado: 23/09/2024 21:40 |
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Re: Olhar Cego nº 17
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Este é um dos meus poemas preferidos até ao momento nesta iniciativa. Acho, à partida, muito inteligente o aproveitamento da dualidade de interpretação da palavra "espectro" -- fantasma ou elementos considerados num continuum. Por um lado, o "eu" deixa-se "absorver ou dissolver" pelo "universo", e nessa dissolução encontra alguma serenidade e bem-estar ("fica bem", numa confirmação da "dopamina" da primeira estrofe). Por outro lado, sente-se aqui a negação de um centro definitivo ou de algo que "se eleva", havendo a sensação de uma via contínua que leva o sujeito para um "mundo" que "ignora". O autismo -- enquanto espectro caracterizado por dificuldade na interação social, falhas na comunicação, obsessão por certos temas, repetição de comportamentos... -- pode constituir uma boa metáfora para as causas dessa sensação de desfasamento sereno da realidade concreta e a deambulação por outras formas de existência, como acontece com a poética. (Quanto à colocação dos pronomes átonos, apesar de saber que a norma brasileira da língua tem certas liberdades sintáticas, concordo com o Alemtagus: parece-me que o poema ganharia com a aproximação à norma europeia) |