Poemas : 

Da tua natureza própria

 
a sobriedade do teu corpo
o segredo que escondes nos teus seios quentes
a flor da tua boca cheirando a hortênsias
o teu cabelo como o vento do norte
a palidez do teu olhar
sóbrio sóbrio

não consigo respirar a tua dignidade
e resguardo-me nas formas de mulher
nos teus seios quentes agora livres
bebo do teu sal de mar
pela última vez

desisti da tua força,
da perfeição

quero a dissolução do carácter
não quero carácter
quero que desistas e derrotada chores comigo.
vem a mim, como um pardal amedrontado, tremendo como eu.

 
Autor
gillesdeferre
 
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Enviado por Tópico
antóniobotelho
Publicado: 21/09/2024 18:32  Atualizado: 21/09/2024 18:32
Da casa!
Usuário desde: 13/04/2010
Localidade: Viseu
Mensagens: 335
 Re: Da tua natureza própria
Parabéns, muito bom :)


Enviado por Tópico
Beatrix
Publicado: 21/09/2024 19:36  Atualizado: 21/09/2024 19:36
Da casa!
Usuário desde: 23/05/2024
Localidade:
Mensagens: 263
 Re: Da tua natureza própria / gillesdeferre
-
Olá, Gilles.

Bem, não sei que diga. É absolutamente fabuloso! Lindo!
Depois de um início especialmente intenso e apaixonado, sóbrio sóbrio mostras ao que vens não consigo respirar a tua dignidade e
quero que desistas
pois a tua perfeição, a tua dignidade, a tua beleza e o teu caráter não são para mim. Ou eu não sou para ti.
Só abdicando disso, poderão estar juntos. Sendo ambos um pardal amedrontado, a tremer.

Parabéns! Este poema é extraordinário.

Ab
Beatrix


Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 22/09/2024 07:01  Atualizado: 22/09/2024 07:01
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10677
 Re: Da tua natureza própria
Poema belo, onde o sentir e as emoções estão
à flor da pele. Muita sensibilidade, expressa em cada palavra!
Parabéns.


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 23/09/2024 00:54  Atualizado: 23/09/2024 00:54
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18483
 Re: Da tua natureza própria
De uma ternura quase arrependida. Tua caneta voa na cor e eu gosto muito. Boa noite