Ele, o andarilho dos mundos esquecidos,
Por onde a luz se curva e se perde,
Caminhou sem medo entre sombras e mitos,
Onde a alma é vento que desce e arde.
Os olhos rasgaram o véu do destino,
E o abismo, em seu vasto segredo, surgiu,
Fez-se espelho de um caos cristalino,
Que só Ele, o ousado, sentiu.
O abismo não é vazio nem trevas,
Mas um eco de sonhos antigos,
Onde estrelas sussurram suas febres
E o tempo desata os seus fios.
Ele viu o que não se pode dizer,
A verdade sem forma, sem rosto,
E ao voltar, traz consigo o poder
De ser sombra, silêncio, e sopro.
Nas profundezas, Ele entendeu
Que o fim não é sempre desfecho,
Pois o abismo, por quem se perdeu,
É o início do mais vasto enredo.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense