Eu não poderia falar de sonhos
Falar sobre mim na mudez das cordas
Eu não poderia acreditar no que componho
Se desse ouvidos aos versos travessos e suas hordas
Verdade que até escapam das bordas do recato
Experimentando o sedoso sabor da Vodka que eu sorvo
Lembrando teus lábios confundindo paladar e olfato
Traduzindo o que me foi trazido no grasnar do velho corvo
Dramáticas foram as madrugadas longe de teu perfume
Vestido por peles que não me traziam conforto e calor
Buscando um trago em locais com placas de não fume
Dissimulando força quando só havia desatinos e amargor
Abençoados sejam os que tem em seu coração as virtudes
Que aprenderam através da arte e da dor letras de uma canção
Que ensina a ser abrigo que silencia meus lábios fracos e rudes
Devolvendo ao espírito da noite o amor que merece meu coração
Deus abençoe a arte
Carlos Correa