Poemas : 

Olhar Cego nº 12

 
[Este texto não pertence à Administração. Trata-se de uma colaboração de um Luso-Poeta, que participou de forma anónima no jogo "Olhar Cego". No final, revelaremos a sua identidade. Convidamos os utilizadores a pontuar e a comentar o texto à vontade, como fazem com qualquer outro.]

COMPLE(MEN)TAR

começo onde tu acabas
acabo o que tu começas
acabamos os começos
e os recomeços não acabam

tocas-me a mão
eu entrelaço-te os dedos
e acabamos atados

molhas os lábios
eu encharco-te a boca
e matamos a sede

acendes a vela
eu queimo-a até ao fim
e ambos nos aquecemos

sussurras palavras
eu junto-as todas
e devolvo-te um poema

 
Autor
Luso-Poemas
 
Texto
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Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 19/09/2024 15:22  Atualizado: 19/09/2024 15:22
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3281
 Re: Olhar Cego nº 12
Comple(men)tar é um nó por desatar. A mensagem é óbvia, assim como a imagem também o é. Quando se lê, torna-se imperativo que aqui não haja paragens, de tão grande que é o labirinto de palavras, o que, note-se, é bom, obriga à atenção e à capacidade criativa do leitor, mas não só, obriga também a uma orientação (chamemos-lhe um GPS poético) para não virar na imagem errada. A liberdade de um, começa onde acaba a do outro e nem sempre isso é complementaridade, nem sempre uma completa outra.

Enviado por Tópico
MariaMorena
Publicado: 19/09/2024 17:58  Atualizado: 19/09/2024 17:58
Da casa!
Usuário desde: 07/06/2024
Localidade:
Mensagens: 291
 Re: Olhar Cego nº 12
.


Esse vai ser o segundo no meu gosto, perfeito poema e até o título tem um objetivo, um complemento.

…COMPLE(MEN)TAR…
completar o que falta e complementar, rechear

Seu poema é como dar as mãos e sem largar, cheio de recomeços. É um encontro de almas.( Seria o amor puro dos poemas)

Enviado por Tópico
Benjamin Pó
Publicado: 20/09/2024 09:21  Atualizado: 20/09/2024 09:21
Administrador
Usuário desde: 02/10/2021
Localidade:
Mensagens: 530
 Re: Olhar Cego nº 12
.
No texto, os amantes procuram-se sem dramas, sem preocupações de inícios e fins, apenas pelo prazer de criarem poemas com os seus corpos e emoções.

Se este poema fosse uma forma musical, dar-lhe-ia o nome de "divertimento", designação atribuída a composições de caráter leve e jovial sem estrutura rígida.

E que tal relê-lo acompanhado de Mozart?