Meu trem passaria às 11, me antevi e estive na estação às 10. Do outro lado da plataforma,você, que perderá o trem das 9, levemente enfurecida por dar aos ponteiros a culpa de uma nova espera. Inclinei-me, era impossível não colocar os olhos sobre você. Sua gesticulação era suave, agora sentada parecia querer checar qualquer coisa menos esperar. As necessidades nos apresentaram, uma água e uma circunstância, você me viu também. E parecia mais natural do que podíamos até ali, admitir. Nos saciamos para além de palavras, e o curso das coisas antes em paralela agora pareciam mais retas concorrentes. Nessa hora concedida nos amamos. A inevitável partida acontecera, e estivemos em diversos vagões no mesmo trem que tomamos há anos, em direções opostas.
Em uma dessas voltas, sentada como filmografia resolvi olhar a volta, e tinha sua figura estática na estação que nos encontramos ha tantos anos. Hesitei e não desci imediatamente, aguardei até a próxima estação. Peguei o caminho mais árduo, caminhar até a sua estação mas para minha surpresa você também vinha, e nos reencontramos. Desde então esvaziamos nossas malas e estamos refazendo outras. Agora já na nossa estação e do mesmo lado esperamos pelo trem das 11.