Poemas : 

Olhar Cego nº 05

 
[Este texto não pertence à Administração. Trata-se de uma colaboração de um Luso-Poeta, que participou de forma anónima no jogo "Olhar Cego". No final, revelaremos a sua identidade. Convidamos os utilizadores a pontuar e a comentar o texto à vontade, como fazem com qualquer outro.]

Aquela coisa

aquela coisa que teria para me dizer
quase cega,
sorriu umas quantas vezes sem me dizer nada
de propósito inocente
cândida raiva sem contento
retirada fervente sua vontade
amplia e ordena
sono que me escapa-

- lá fora tudo florece

e nenhum de vós entendeu coisa nenhuma.

 
Autor
Luso-Poemas
 
Texto
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Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 16/09/2024 16:25  Atualizado: 16/09/2024 16:25
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3407
 Re: Olhar Cego nº 05
O uso do arcaico florece (floresce), se intencional, creio que o seja, remete o poema para a necessidade o adornar de outras formas de escrita, de o estudar e de garantir que quem o leu, o estudou no sentido de o perceber e, consecutivamente, o interpretar.
Julgo poder dizer que "cada um de nós" (leitores) entendeu tudo, cada qual à sua maneira.

A minha leitura e devido entendimento.

O nada e o tudo, numa etérea visão taoísta, são uma percepção complementar da vida propriamente dita, o Yin-Yang. Há uma necessidade de o autor se agradar a si próprio e, embora explore o tal equilíbrio taoísta, é extremamente narcisista.
O peso da palavra e da não palavra, coisa quase cega, traz o contraste à tona da leitura, a cândida raiva, e o sonho (sono, por fiz a leitura noutro tempo, noutro português) é o fim, mas não fica sempre para o fim, acompanha o silêncio com que se lê este pequeno grande.

Enviado por Tópico
Beatrix
Publicado: 16/09/2024 18:45  Atualizado: 16/09/2024 18:46
Da casa!
Usuário desde: 23/05/2024
Localidade:
Mensagens: 337
 Re: Olhar Cego nº 05
-
Não entendo muito bem a necessidade da última frase.
O poema começou bem, estava até interessante. Mas foi caindo, lamento dizê-lo. E a última frase entendo-a como um desrespeito ao leitor.
É pena.

Beatrix

Enviado por Tópico
MariaMorena
Publicado: 16/09/2024 19:34  Atualizado: 16/09/2024 19:34
Colaborador
Usuário desde: 07/06/2024
Localidade: Argumentar sem agredir é ser grande.
Mensagens: 624
 Re: Olhar Cego nº 05
.


Eu gostei dessa coisa que faz muito sentido, também até a cândida, quem seria a bandida, mas aquela coisa do início coisa nenhuma entendi no fim, até porque nem o poeta soube dizer e eu fiquei aqui “coisada”.

Do autor não ouso dar palpite.

Enviado por Tópico
Alpha
Publicado: 16/09/2024 22:21  Atualizado: 16/09/2024 22:21
Membro de honra
Usuário desde: 14/04/2015
Localidade:
Mensagens: 2063
 Re: Olhar Cego nº 05
Aquela coisa.

Aquela coisa que não sei dizer
Um sentimento que vem sem razão
Como um vento que insiste em bater
Fazendo balançar sem rumo o coração!

Aquela coisa pode ser tudo, e pode não ser nada. É como uma brisa que passa, não é vista, mas sente-se!

Quando se quer, tudo fica de tal maneira encriptado que ninguém entra na alma do poema!

Alpha

Enviado por Tópico
MarySSantos
Publicado: 17/09/2024 13:39  Atualizado: 17/09/2024 13:39
Usuário desde: 06/06/2012
Localidade: Macapá/Amapá - Brasil
Mensagens: 5848
 Re: Olhar Cego nº 05
Tantas coisas chegam até a gente. Algumas vêm fáceis de serem compreendidas, outras chegam inexatas e até perdidas.
Às que alcançamos
com nossos humildes olhares, acolhemos
e abraçamos.
Às incompreensíveis,
escolhe-se deixar ir
ou ficar.

E assim é!

Abraços

Mary

Enviado por Tópico
Aline Lima
Publicado: 04/10/2024 19:57  Atualizado: 04/10/2024 19:57
Usuário desde: 02/04/2012
Localidade: Brasília- Brasil
Mensagens: 734
 Re: Olhar Cego nº 05
Talvez a beleza deste poema resida justamente em não entendê-lo por completo.
Diverti-me com o último verso, que me provocou a voltar e reler.
Gostei muito.