Abracei a dor que foi observar-te partir,
Pouco antes de ter presenciado a tua chegada.
Nessas janelas entreabertas, por essa porta fechada,
Trancada a 7 chaves, roubas-te o que não era teu… vi-te partir.
Partiste o que criamos para nunca ser quebrado,
Mesmo assim olhei-te de frente, já fugias como uma sombra sem passado.
Continuei abraçado a uma ausência de forças que não deixam acreditar.
Deixas-te a dor que nascerá da beleza que agora tenho que matar.
Poderia ter sido tudo diferente, como quem não sente. Mas a dor estava presente.
Na minha mão nasce a faca que espeta lentamente nesse teu coração sem amor.
No meu sinto o sangue que devia escorrer no teu, no meu sinto a dor desse vazio amor.
Libertei-me desse rio que agora desagua num futuro que já foi turvo.
Resistem minúsculas partículas desse sangue, ainda aqui vagueiam.
Sobrevivem sempre derramadas no coração daqueles que amam.
Vi, Partir naquele dia perdido que agora foi encontrado.
André Rodrigues
André Henry Gris