Nosso tempo passará,
Nem as cinzas restarão.
E o vento que soprará
Sequer será de ilusão
Cada segundo passa,
Cada momento importa,
Vale a ação que faça,
Mais que a letra morta.
Saiba: a vida é torta,
Na partida ou na vinda,
Costura teus sonhos
Antes que a linha finda
A linha jamais é reta,
E o fim, ninguém o vê.
Tudo aflige, e inquieta,
Desfaz-se sem porquê.
Numa cama de espinhos,
O tempo desfaz os laços,
Anda o próprio caminho,
Dançando seus passos.
Se perde tua memória,
Esquece o próprio chão.
Rio da vida faz história,
E aprende a navegação.
Se a porta pouco abre,
E a janela está fechada.
Chute e vença o sabre
E a flecha envenenada
Do nascer até a queda,
Somos vento em espiral.
Cada curva nos enreda,
Criando o destino final.
Sozinho, e sem ninho
Caminhará as estradas.
Encontrar seu caminho
E dormirá sem pousada
Distância longa, curta,
Rua de chão ou calçada.
Se os anos a vida furta,
Sorte laçada ou largada.
Na derrota, ou façanha,
Na perda que se ganha.
Se para no que assanha,
Se bate quanto apanha.
Empate seguir lutando,
Igual seguir existindo.
Viver é seguir amando,
Sem o amor sentindo.
Souza Cruz