No mapa da minha alma
A solidariedade ocupa espaços da justiça social.
A solidariedade é uma beleza natural,
É um pássaro bonito, celebrado;
A justiça social é um patinho feio, renegado.
O pássaro bonito deve ter espaço sim.
Mas o feio é o mais bonito pra mim.
A solidariedade pode encher os olhos e espalhar doçura
Mas quando usada para sustentar uma estrutura,
O uso, para mim, é um abuso
Que esconde o que se procura.
Sinto-me no escuro no sol do céu azulzinho.
Eu quero mais é ver os dois passarinhos.
Mas ver cada um em seu lugar.
Ainda ouço uma voz a indagar:
O que é que isso vai importar
No balanço do balançar?
A estrutura sustentada pelo pássaro bonito
É como um rio intermitente, dependente do agito
Que agita o humor de São Pedro.
Isso me arrepia e me dá medo.
Nada para mim será verdadeiro
Se o pássaro bonito ocupar o mapa inteiro.