Caiu o muro e a máscara de um homem já cego
O poeta escreveu com veneno as palavras lidas
E por ali suicidou o amor escondido entre linhas
Um leitor de bolso que passava páginas a prego
Parou-se a meio da estrada com as mãos feridas
E disse com nu olhar, essas palavras são minhas
Mas não, dele era apenas o mundo do outro lado
Seco e sem cor, alvo e estranho que via e não lia
Feito dos poemas que sabia de trás para a frente
De sabor acre, inerte, pobre, infeliz, só, mutilado
Desgovernado nessa anarquia das letras em folia
Um bom tipo que tinha por religião ser descrente
Um pouco mais adiante houve tristes que o liam
E riam de tamanha ig... não! Ignorância fica mal
Diria... vasta opulência, talvez, algo belo e bom
O certo é que não o choravam, nem o divertiam
Exibiam-se ao olhá-lo cimeiros com douta moral
Como se fosse finada orquestra sem errar o tom
O poema, o poeta e a tal alva página anarquista
Escreviam-se à vez, de verso em verso, em rima
Seguida da declamação brindada com vinho tinto
A aguardar o por-do-sol que ali se fazia boa vista
A aguardar por ti, por teus belos olhos aí de cima
O poeta morre esquecido, imortal, bom e distinto
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma