Arregaço os olhos
Com os dedos dobrados
Rodeada de silêncios
Gastos
Caiados
Nas paredes
Do quarto
Tomo o assassino das dores
E fico á espera do sono
Enquanto amolgo a cama
E piso os cobertores
Folheio as acamadas horas
Tentando expulsar a saudade
Do leito e do olhar
As imagens reveladas
Surgem
No pensamento
A caminho do oceano
Do âmago
A memória visita
Os lugares de outrora
Adocicando ou salgando
O alento
Prisioneiro
O passado
Lança
Na crosta da pele
Um calor de inverno
A cada azul deitado…
Neste tempo remendado
Fica a fria lucidez
De observar o itinerário
Da estupidez e do desperdício
Dos épicos momentos
E vem aquela frase que nos bate
Que recordar é adiar
Um embrionário futuro
Encostado á biqueira dos passos
“Acredito que o céu pode ser realidade, mas levarei flores para o pai - Erotides ”