Os meus poemas maiores
são de raiva,
de estrofes e estrofes de espuma, de vento e ira,
de seu motor, de pedal, de caneta de ferro em riste...
Versos cheios de palavras, ah que palavrosos, rubros,
são negro-vivo em implosão
e erro.
Os meus maiores poemas são de mal feitos
e malditos,
são recitados aos gritos e trazem anões,
facas que esfaqueiam e bordões, bombas que não bombeiam
nada trazem,
só engano
já que são enraivecidos e raivosos sem mote,
nem motivo,
sem momento emotivo,
raiva que me guia a mão, apenas raiva
um
não.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.