Havia um brilho no olhar que fora ofuscado
Pela lágrima que teimosamente
Insistia em escorrer pela face silenciosa
Naquela tarde de primavera.
Nem mesmo as flores a exalar perfume
E as borboletas coloridas a voarem
Poderia alegrar aquele coração dorido.
Uma dor silenciosa tomava conta da alma
Que relutantemente tentava livrar-se da ilusão
Causada pela despedida.
O amor que sempre buscou
E que, por um instante acreditou ter encontrado,
Saiu pela porta sem olhar para trás.
Havia só o silêncio
Depois que a viu dobrar a esquina.
Ao perceber tinha caminhado até o jardim
E ali permanecera até anoitecer.
Olhou, então, para as estrelas
Que no céu dava seus primeiros sinais
Um suspiro fundo
E a esperança de uma vida nova.
Na solidão do tempo
Imaginou o brilho daquele olhar
Que outrora estivera tão perto
E a lembrança dos dias bons
É a força da caminhada.
A vida segue seu curso,
Assim como os rios serpenteiam as montanhas
Até chegar ao mar,
Um dia encontrará o amor
E novas formas de amar.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense