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REFLEXO (SONETO)

 
 
Acordo e olho para mim. Eu vejo o meu pai
Me percebo estranho. O vejo imensamente
Mesmo a cada dia, a sua lembrança já se esvai
Enquanto seu rosto vira espelho em minha mente

Eu penso em nossa vida, tão igual falta de sorte
Fugir do passado, do presente imprevisível
Tento seguir, fingir como que ignorando a morte
Tento atingir, sem bússola e barco, impossível

Restou dele silêncio, que a cada momento me diz
O seu olhar sempre a indicar o que eu devo fazer
Um semblante do que condiz e do que não condiz

Porém, são outros tempos. Farei tudo do meu jeito
Essa é minha vida. Decido o que ser, como viver
Mas, a cada momento, perto, o sinto em meu peito.


Souza Cruz

 
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