Acordo e olho para mim. Eu vejo o meu pai
Me percebo estranho. E mais imensamente
Mesmo a cada dia, a sua lembrança já se esvai
Enquanto seu rosto vira espelho em minha mente
Eu penso em nossa vida, tão igual falta de sorte
Tento fugir do passado, o hoje imprevisível
Tento seguir, fingir como que ignorando a morte
Tento atingir, sem bússola e barco, impossível
Restou dele silêncio, que a cada momento me diz
O seu olhar sempre a indicar o que eu devo fazer
Um semblante do que condiz e do que não condiz
Porém, são outros tempos. Farei tudo do meu jeito
Essa é minha vida. Decido o que ser, como viver
Mas, a cada momento, perto, o sinto em meu peito.
Souza Cruz