Este oásis em que as palavras vestes e despes
Como se fossem só tuas que és livro esquecido
Ditas roucas e loucas entre vulgares metáforas
De vontade perdida se um olhar que me desses
Caminho de ida sem volta que ali vou seguindo
Que se desespera pelo fim de anarcas anáforas
O ler reticente que me crava de vírgulas o peito
Deixa-nos a língua já seca dormente e sedenta
E este poema surdo e tão órfão de ti e de mim
São as mãos cegas que me ferem com despeito
E delas os muros que salto na página desatenta
E daí todos os que deixo lá para trás nus assim
O tempo que o poeta perde espera pela tua voz
Nesse silencioso sabor amargo de doces passos
De um qualquer estranho amor que de nós foge
O resto é a história sem dúvidas ou glória a sós
Feita de outros dois como nós de meios abraços
De um verso escrito antes de ti, mais outro hoje
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma