Às vezes me sinto na idade das trevas
E não é nenhuma máquina do tempo que me leva.
É a vida de hoje que me mata,
Que me arrebata,
Apertando meu pescoço com uma gravata.
É vasta a vara dos que esmagam as flores!
Entre eles os vendedores
De indulgências, dedinhos de Pedro...
Perdão, perdão, não é indulgência nem dedo.
A nomenclatura da muamba hoje é outra:
É milagre. É a mesma bruxa com outra roupa.
Milagre para perdoar os pecados.
Milagre para prosperar e ser amado.
Milagre para ter um lugar no céu.
Milagre para a cura com a semente sem papel.
Milagre, milagre, milagre...
Me largue morcego desgraçado, me largue!