Tombei ferido sobre o teu regaço de prosas
perfurado em cada parágrafo
uma só gota de sangue nas mucosas
Acolheste-me sarando feridas
Retirando chumbo das minhas asas de telégrafo
E nos intervalos das dores sentidas
Nas pinças penetrantes que usaste
Fui do teu sorriso cartógrafo
Elevador do medo que me levou à boca
disjuntor que cortou a luz à luz dos teus olhos
Carta tonta de marear que me fez de ti geógrafo
Enjoo de gávea, passo doble em convés doido
Deslize de palavras nunca ditas
Mostrengos, adamastores e sereias malditas
Negativos dos dias em que fui fotógrafo
Guardo-te como folha seca num livro
Cadáver exumado, sarcófago
E sem saber ler nem escrever
Discurso sobre a epopeia de te perder por um fio
Rompo plateias ao meio
E sou da solidão menos preenchida
um rio