Massajavas as palavras na mestria sensual
Com que as Gueixas imperiais
Preparam a cerimónia do chá
Nesse ofício verbal de declamar a chama
Que as palavras largam como cometas
No rastro de ti me encontrei
Semeando as ervas afrodisíacas dos momentos
Apanhando os cogumelos ulcerosos dos corpos
Tu que encantas os pássaros com poemas
Trinados na língua dos poetas mortos
E que na tua se encontram esvoaçando
Em mil temas
Sou de ti o aprendiz
De feiticeiro enfeitiçado pelas letras
O almofariz onde amassas com erotismo
Verbos de prazer como no início
Sou uma espécie de vício
Sou uma espécie de vício...
És quem me diz
A boca pela boca tua
A palavra na palavra muda,
Quem me ensina o sexo
No sexo ensinado dos animais
És quem me envolve sem paradigmas
Na lingerie fina da seda
Dos bichos que acasalam fora dos casulos,
Já borboletas
E no jogo final das petas
Resolves com metáforas os enigmas
Para o banquete frugal dos bruxos
Trouxemos uma união de factos:
Substantivos, adjectivos e advérbios
E para matar os tédios
Bebemos o álcool por repuxos
Que extrais do orgasmo seival dos cactos
Na nossa lua de Mel
Dissemos poemas de Pansy, a poetisa Lia
E em alquimia
Revertemos em ouro tudo o que luzia
José Ilídio Torres
in: «A tristeza matou os peixes que nadavam nos teus olhos» 2007
Um dos primeiros poemas que publiquei no Luso