Começo a temer a minha escrita
Pareço ir longe cada vez mais fundo
Dentro de uma escuridão onde grita
Uma criança esquecida deste mundo
Conheço fui eu que a mandei pra lá
E ele hoje corre mais rápido do que eu
Houve um tempo em que eram irrelevantes
Os ponteiros do relógio mas hoje ele se excedeu
E suas flechas cortam minha carne como diamante
Tenho medo de não voltar
O intervalo entre os solstícios parece diminuir
As estações correm velozes e não há mais tempo
Para sonhar ao menos não os que nos faziam sorrir
E me entorpeço aliviando minha dor quando me sento
Eu tento eu tento ferozmente ser algo um pouco melhor
Mas aquela criança está tão longe e o caminho tão escuro
E aqui surfando entre as ondas dos versos não sinto dor
Me protejo sou parte da canção é o agora e não o futuro
Eu tenho medo de não mais querer voltar
Queria mesmo acreditar que existem sim
Balões e girassóis que as rosas negras podem mudar
Que eu posso transformá-las em belos jasmins
Eu sei que a criança ainda está lá posso ouvi-la
Deus nos abençoe
Carlos Correa