O galo canta as 9:00 da manhã
O canto domina o cantinho da cidade
perto de uma avenida movimentada
numa capital estadual qualquer
No mundo da mente surge uma roça
até na cabeça de quem nunca viu
O canto do galo avisa as galinhas
que hoje é sexta-feira
O galo cantor é malandro
e ordeiro. Foge das rinhas
mas não perde o terreiro
Não quer briga com gatos e cães
Quer cantar, atormentando boêmios
O galo urbano canta até MPB
Sobe nos telhados das casas vizinhas
Sabe dos limites de seu pequeno poleiro
Quanto mais alto canta
Quanto mais longe voa
Mais o tilintar das panelas ecoa
Avisando que no domingo haverá visitas
e o prato será galinha ao molho pardo
Ou fica viúvo ou deixa a viúva
O galo canta nesta manhã
Porque desconhece o amanhã
O menino farto com o osso da sorte
não pensa no galo ou na morte
Apenas na forquilha de um estilingue
Acertando alvos de latas de leite
e passarinhos imaginários