Poemas : 

Nunca o adeus temporão

 





Ofereceste-me o adeus.
Um adeus com nós nos dedos.
Solto com a mesma solidão,
do pastor que reúne a vazia vastidão.
Um adeus certo da certeza de adeus.
Deixaste-me um adeus prematuro.
Sussurrei, o teu adeus.
No instante.
Longo e pausado.
Caído,
empalideceu-me o peito.
Deste-me a mão.
Vinhas com a palavra entre o rasgo dos dedos.
A da recordação e a da lembrança.
Um adeus versado de ausência para a ausente.
Outra vez, deste-me a mão.
Sentiste o mistério da lágrima,
que em lágrima não lacrimejou.
Com o pudor da coragem, recebi o adeus.
Senti-me (in)finita de mim, como na união umbilical.
Até ao adeus.
Até ao último.
Sendo o adeus uma oferenda,
nunca seja um adeus temporão.












Zita Viegas















 
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atizviegas68
 
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