Nessa prisão sem muros,
e de amarras sem laços,
desenho minha sombra.
Não lembro meus traços
Ergo-me entre escombros,
carregando tantos cacos,
juntando tantas sobras,
criando pequenas obras.
Caminho sem pegadas,
ombro a ombro, solitário.
Com memórias largadas
escrevo esse inventário:
Damas e pérfidos bichos.
Buquê de tolices, dilemas
Descrevo nesses poemas
que não foram para o lixo.
Souza Cruz