Quando eu estiver com meus lábios trêmulos
degustando um café frio
numa xícara antiga de
família
seja gentil e não diga que não me acompanha,
porque enquanto sorvo estou
descansando
meus lábios nas lembranças
Quando me ver coberto pela sombra
do chapéu de palha
ou a roçar,
seja gentil, não me deixe ouvir no sopro do vento quente:
quão rude é a vida dele,
porque enquanto cultivo sou cultura viva
colhendo promessas e prometendo colheita
-Eu ainda posso ser o seu melhor café, na melhor companhia-
Quando eu estiver sentado em uma poltrona
lendo as notícias mesmas de ontem,
serei otimista,
porque sei que o passado não vai morar para sempre no amanhã
-Nem mesmo eu, se não na memória-
porque o mundo respira transformação
Semeei, cultivei, cuidei...
-Cultivei -
e todo dia enquanto cuidava dos pés nutria a cabeça
e altivava o olhar ao encontro da esperança,
assim não fiquei à mercê da espera,
aprendi a esperançar enquanto derramava o café
em solo argiloso
- Com bom manejo não falta pão-
E quando quiser saber o que fiz dos meus dias
direi que semeei
a semente do bem a gotas de sal, então
seja gentil novamente,
porque enquanto este solo meus pés tocar
estarei aprendendo que para outros
deixarei o melhor de mim
num rastro fumegante com aroma de café
honey.int.sp
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