No crepúsculo esconde-se a última luz,
Sol despede-se. A cidade ainda produz.
Barulho e sirenes chamam o entardecer
Busco saudade em que possa me perder.
Minutos deslizam como lágrimas sutis,
Dia belo! Sol, flores. Porém, infeliz!
Um banho de cansaço cobre meu ser,
São dezoito horas, só me resta viver.
Raios pálidos e a inevitável escuridão
As aves pousam, e me invade a solidão
A vontade se esvai, some hora adentro,
Alma busca paz, e mistura sentimentos.
No vazio da noite de domingo, medito,
Aflições da vida, do amor desacredito.
Na penumbra do domingo que se esvai,
Sigo igual vento em cada folha que cai
Promessas desfeitas, metas descumpridas,
Atrasos, fracassos. Vida em despedida.
Madrugada, copo seco, corpo a queimar
Procuro ilusão em que eu possa ganhar
Esperando segunda como nova esperança,
Dilui-se tristeza enquanto dia avança.
N'alvorada estrelas param de brilhar,
A serena, melancolia, dissipa-se no ar.
Souza Cruz