A família do João mora numa casa chamada coração
Não tem portas nem janelas, e o teto são as estrelas
O pai perdeu o emprego, mesmo assim há chamego
Amor, carinho, para esquecer a agrura do caminho
Alzira é a sua pequena irmã, olha que gira que ela é
Seus cabelos são os raios de sol, nos olhos traz o mar
Gosta de brincar, correr, fazer tropelias e até cantar
Alegria sem fim da família: João, mãe Joana e pai Zé
A família do João mora numa casa chamada coração
Não tem portas nem janelas, e o teto são as estrelas
O pai perdeu o emprego, mesmo assim há chamego
Amor, carinho, para esquecer a agrura do caminho
Mãe Joana faz limpeza na casa das senhoras chiques
Não tem vaidade, sapatos de salto alto, nem tiques
Pai Zé remenda as telhas com plástico e algum cartão
Não tem emprego, mas é super-herói da vida de João
A família do João mora numa casa chamada coração
Não tem portas nem janelas, e o teto são as estrelas
O pai perdeu o emprego, mesmo assim há chamego
Amor, carinho, para esquecer a agrura do caminho
E João quando vai à escola, leva na sacola só ilusão
Gosta da Rita, que é bem catita, e mora numa mansão
Escreve-lhe cartas com trevos de quatro folhas colados
Os pais dela ainda não sabem, mas já são namorados
A família do João mora numa casa chamada coração
Não tem portas nem janelas, e o teto são as estrelas
O pai perdeu o emprego, mesmo assim há chamego
Amor, carinho, para esquecer a agrura do caminho
Um dia, talvez este João já não precise de ser tão real
E se construa com afetos um país chamado Portugal!
2017
Este poema faz parte de uma colectânea sa Associação Ajudaris