Às vezes me esqueço de comer
Às vezes só penso em desistir
Às vezes eu me canso de viver
Às vezes quero apenas é sumir.
Às vezes me esqueço de dormir
Às vezes mereço o que padeço
Às vezes desaprendo de sorrir
Às vezes até parece que pereço.
Às vezes minha boca nem disfarça
Às vezes o que sei é sem sentido
Às vezes minha força é uma farsa
Às vezes o que busco até duvido.
Às vezes meu lamento é alimento
Às vezes desdenho o que conquisto
Às vezes se esvai meu pensamento
Às vezes nem sei porque persisto.
Às vezes me invade o sofrimento
E a noite se estende ao infinito
Às vezes a alegria é meu alento
E o dia é pequeno para um grito.
Às vezes o meu inverno é eterno
Sofre em dia quente, teme o frio
Às vezes o meu paraíso é o inferno
Às vezes minhas lágrimas são rios.
Às vezes eu me esqueço de sair
Às vezes perco a hora de voltar
E o calor do sol me faz sentir.
Que aquece, às vezes, um olhar.
Às vezes vejo estrelas no caminho,
E, pelas ruas, caminho, sem abrigo.
Às vezes, no silêncio, estou sozinho,
Os amigos, às vezes, estão comigo.
Às vezes vejo que a vida é bela
Igual novela e barco sem destino
E, às vezes, lembro: a vida é vela
Se apaga no escuro, em desatino.
Às vezes a jornada é temporária,
Às vezes a companhia desconheço
Às vezes a chegada, involuntária
Na partida, às vezes, me aborreço.
Às vezes me prendo num recinto
Às vezes participo, inconsciente
Às vezes a cidade é um labirinto
Às vezes a alvorada é meu poente.
Quando a dor invadir meu coração
Às vezes só a tristeza me redime
Às vezes o meu erro é a salvação
Às vezes só a fraqueza me define.
Às vezes a metade é sem inteiro
Na falta, não pode ser comprado
Às vezes o que falta é o dinheiro
Resta o desejo, jamais é saciado.
Às vezes resta ilusão e solidão
Os sonhos: miragens no deserto
Às vezes eu encontro a paixão
Às vezes, da dor, estou liberto.
Às vezes naufrago em mar bravio
A nadar, a agir, seguir em frente
Enfrentar o pesadelo mais sombrio
Lembrança da esperança renascente.
O "às vezes", às vezes, é momento
E de ouvir, a ecoar, a voz serena
Os medos, fantasmas, tormentos
Descansam. A sina é amena, plena.
Às vezes nossa vida é um enigma,
Mistério sem fim a cada instante
Para cada "às vezes", um estigma,
Um passo em falso, o olhar distante.
Às vezes há sentido. O "real" mente.
As emoções se enganam, plenamente.
Felicidade fugaz, mas não indiferente.
São tantas respostas, porém ausentes.
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Pessoas com tendências depressivas devem interpretar todo o poema, considerando as mudanças do Eu Lírico alongo dos versos e estrofes
A leitura isolada de um verso ou estrofe pode reforçar pesamentos autodestrutivos.