Queria ser todas as vozes e delas, todas as cores
Ir mais longe, chegar onde gente alguma chegou
Havia de ser eu mais tu e de nós todos os nossos
Ser mais alto ou ser capaz de rasgar tantas dores
Ver olhos nos olhos sonhos que o homem sonhou
Dar mundo ao mais forte que de todos os abraços
Esquecer que sangro porque sou a guerra imortal
Pedaço de gente que neste silêncio se entristeceu
No corpo deserto em que deixo ilusão e desilusão
Barco à deriva no mar em que se afoga, desigual
Fome a consumir a saudade que um dia cá viveu
Medalha colada a um peito de sorridente solidão
Queria correr por ali e gritar em paz tua liberdade
Ser diferente porque ninguém vem de igual barro
Ser alguém e juntar num só esses olímpios anéis
Queria poder beijar-te só porque sim, de verdade
Efémera quimera que escrevo deste olhar bizarro
Tempo escasso que foge das minhas mãos cruéis
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma