Poemas : 

Poema para Margarida

 
Como se um gato travesso tivesse comido o sol, depois tivesse ganho asas e se transformasse num pardal gordo, entretido a depenicar os cordões à noite no quarto crescente de nós.
Como se não pudéssemos fazer amor em gaiolas, como se os golfinhos deixassem de saltar para respirar, como se sobrasse queijo nas ratoeiras, e os ratos fossem, eles mesmos, os laboratórios das lágrimas.
Como se o teu nome, para ser soletrado precisasse de grãos de milho como chamariz, como se não houvesse água num cacto, e se morresse de sede em todas as coisas que não soubéssemos dizer.
Para te pintar gastei os dedos, os gatos e os cactos, e os pardais levaram-me as tintas, gordas como este amor que cabe numa pétala fina de margarida-flor.
O teu nome canta-me como água.

 
Autor
José Torres
 
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