No interior das muralhas de um texto
apalpando a obscuridade dos labirintos
aceitando e rejeitando os escuros das palavras
ansiando claridades, janelas,
emergir sem ar com a hipótese de um termo salvador
a bússola de um conceito,
e logo o negrume,
na sintaxe encontrar,
finalmente, o caminho,
uma palavra me conforta, logo outra periga o castelo de cartas do poema,
tão frágil.
Há que coroá-lo com a palavra final, a sentença, a lição,
mas adivinhe-se:
não se encontra a palavra certa.
Surge a hora de decidir, jogar a última carta que solucionará o imbricado problema
do poema;
o mínimo desvio
e tudo se desmorona.
Escolho. Com mãos assustadas
encimo o edifício,
a catedral,
acredito na palavra, na derradeira palavra que tudo comporá.