O Poema encontrou-me de calças na mão,
desprevenido,
sem ardores, fogos,
sem água, olhares,
sem ventos, mares,
sem vazios, tristezas,
só eu,
e portanto, não soube que lhe fazer.
Agora, preparado,
eivado de emoções,
ágil nas palavras,
confiante na timidez revoltante melancólica do poeta,
procuro o timbre certo, atento à fonte inspirada, de braços às musas.
Esqueço a vontade do poema, a sua liberdade imensa e radical,
esqueço o seu desejo,
esqueço, enfim,
ser ele quem me procura.