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maçaneta

 
Tags:  de portas ao vento  
 
É verdade.
Desisti de esperar a maçaneta. Ofereceram--me uma, mas de tão linda e brilhante, qualquer toque ou intenção a manchava e mudava logo a intenção inicial.

Decidi deixar a porta solta. É melhor. Posso entrar e sair sem ter de dar a sabê-lo. Ninguém notará, de qualquer forma.

Entro, saio, entram, saem e é só.
Sem linhas a amarrar seja quem for.

O segredo está em perceberem quando sou ou estou apenas.

É esse o segredo da harmonia. É esse o segredo deste estado de liberdade.





 
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Esférico
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 19/07/2024 16:24  Atualizado: 21/07/2024 09:23
Usuário desde: 06/11/2007
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 Re: maçaneta
Existe uma certa diferença na atribuição dos determinantes definidos e dos indefinidos.
Por exemplo: "O amanhã" é diferente de amanhã.
O determinante, neste caso, torna-se sinónimo de futuro, na frase.
E esta diferença captou-me, no início.

"...a maçaneta..." não é "...uma..." qualquer.
Ainda que essa "...uma"..., oferecida, seja "...linda e brilhante...".
E, sim, com alguma facilidade, o contacto com objectos dessas características fazem com que eles mudem.
Uma boa suposição que, por vezes, pode não ser pura verdade.

Temos sempre planos B na vida, mais ou menos conscientes.

A "...maçaneta..." é uma personagem recorrente em alguns textos deste autor.
Vem, muitas vezes, associado aos conceito de arestas e cantos.
Não podemos, como é claro, desassociar do conceito de porta. A brecha na barreira. O espaço físico de ligação entre dois que não estão interligados. O terreno que transforma uma ilha numa península.
Mas assim como na divisão dos territórios muitas vezes se fazem aí, o mesmo acontece com a dita porta.
A maçaneta é uma das regras. Ou seja, geralmente, onde há uma maçaneta, há uma fechadura (com ou sem chave).
Sem maçanetas, é sinal de que não há a dita fechadura, além da dobradiça ter caraterísticas especiais. Permite uma espécie de basculação de 180 graus.
Até o vento pode entrar, dependendo da força exercida.

O desistir requer, muitas vezes, uma enorme carga de desilusão, outras é apenas sinal de maturidade.

A "...porta solta..." é uma metáfora que vai sendo desvendada ao longo do texto. Em tons cinza.
Surge, e é a "...liberdade...".

O bem essencial e inicial de quase todas as coisas.

Há de vários tipos, mas é como o ar ou o pão.
Só sentimos falta, ou damos valor, quando não temos...

Sobre se notar, ou não... Acho bastante discutível.

Abraço