No jardim do tempo, as flores desvanecem,
Memórias vívidas, suaves, esmaecem.
O vento passa, leve, acaricia,
Soprando lembranças, levando a agonia.
No espelho d'água, reflexos de outrora,
Vagas imagens que o tempo devora.
Cada segundo, um grão de areia,
Escorregando entre os dedos, desaparece na teia.
O coração que outrora pulsava forte,
Encontra no tempo seu amparo, sua sorte.
As cicatrizes, marcas de uma era,
Suavizam-se, tornam-se quimeras.
A dor intensa, que o peito rasgava,
No abraço do tempo, lentamente acalmava.
As lágrimas, rios de saudade,
Secam aos poucos, na brisa da verdade.
O amor que se foi, o riso esquecido,
Nas brumas do tempo, tornam-se mito.
E o que restou, o eco distante,
Desaparece na névoa, constante.
O tempo, sábio e silencioso,
Transforma o tormento em sonho nebuloso.
E assim, o coração pode renascer,
Pois o tempo, ah, o tempo faz esquecer.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense